Burnout, a chama que pode te apagar

O estresse dos últimos anos de uma pandemia, somado à violência e ao trauma que assolaram nossas cidades, muitos relatam sentir esgotamento ou cansaço emocional em seus empregos. Mesmo que pareça que finalmente podemos respirar após passar por uma pandemia de quase três anos, muitos relatam sentir mais estresse do que o habitual e mais do que sentiram durante a própria pandemia, provavelmente devido ao esgotamento relacionado ao trabalho.

Podemos descrever o burnout como o desgaste decorrente da diferença entre quem as pessoas são e o que elas devem fazer. Representa uma erosão de valores e dignidade que causa um sofrimento que se fortalece progressiva e continuamente, levando o profissional a uma espiral descendente da qual é difícil se libertar.

A síndrome de burnout resulta do encontro entre um indivíduo e uma situação de trabalho degradada. Ele pode ser explicado tanto por características relacionadas ao trabalho quanto ao indivíduo. As primeiras dependem da empresa, da estrutura privada ou pública, nas quais é possível agir preventivamente.

Causas Relacionadas ao Trabalho

  1. Intensidade e complexidade de trabalho que resultam em prazos e objetivos irrealistas.
  2. Demandas emocionais fortes (violência verbal, insultos, comentários desagradáveis, humilhações) decorrentes de relacionamento extenuante com o público, como clientes externos ou internos.
  3. Falta de autonomia para a realização do trabalho, responsabilidade sem empoderamento.
  4. Más relações sociais e trabalhistas. Ambiente de trabalho sem objetivos claros, falta de solidariedade entre colegas, violência interna (física ou psicológica), etc.
  5. Comunicação degradada, pouco acesso à liderança, fazendo com que o trabalhador tenha a impressão de estar fazendo um trabalho inútil.
  6. Insegurança socioeconômica: medo de perder o emprego, atraso de pagamentos, contratos precários, incerteza do futuro.

Causas Relacionadas ao Indivíduo

Traços de personalidade desempenham também um papel na ocorrência do burnout, como a instabilidade emocional e o caráter consciencioso. Um aspecto individual crucial é a importância do trabalho na vida e identidade do trabalhador, refletido em um forte comprometimento devido à sensação de utilidade e realização no trabalho. Contudo, é inadequado considerar o burnout como uma “doença do lutador”, resultante inevitável de um engajamento excessivo no trabalho. Mesmo que o burnout seja observado em trabalhadores altamente envolvidos e geralmente apreciados em suas funções, a causalidade não pode ser atribuída a um “sobre engajamento” sem identificar um limite adequado de investimento em relações afetivas, sociais e profissionais.

Sintomas do Burnout

Conforme reportagem da Revista Você SA (Editora Abril, julho 2023) o Burnout é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como doença ocupacional — isto é, relacionada ao trabalho —, e apresenta um conjunto de sintomas físicos e emocionais decorrentes do estresse crônico. No início, é difícil notar os sinais, porque se parecem com outros quadros e costumam ser normalizados no mundo corporativo. Mas é preciso ouvir o que o corpo e a mente falam, para prevenir o avanço do problema, seja ele qual for.

Ainda, segundo a reportagem, há 12 sintomas que podem indicar o risco de desenvolvimento do Burnout, que crescem com persistência e progressão ao longo de três estágios (zonas), a saber.

Zona Amarela

  1. Elevação da ansiedade: viver em ansiedade é algo normal em nossas vidas, mas quando ela cresce em demasia, e assim permanece, é um sinal de que algo não vai bem.
  2. Aumento da irritabilidade: forma alterada das pessoas reagirem, fora do esperado, com respostas bruscas e agressivas.
  3. Alteração do nível de energia: alguns passam a chamar a atenção pelo excesso de energia e agitação. Outros vivem o oposto, demonstrando cansaço e pouca motivação. Ficam mais quietos e isolados, rejeitando convites de amigos e colegas.
  4. Falhas de memória: é o caso de pessoas que começam a se esquecer de horários e compromissos anteriormente assumidos.

Zona Laranja

  1. Transpiração excessiva: quando a transpiração ocorre acima do normal, e se torna frequente, isto pode indicar que o colaborador está sob tensão. Ou seja, pode indicar um nível elevado de estresse e dificuldade para relaxar.|
  2. Insônia crônica: a perda regular do sono é uma séria ameaça à saúde e precisa ser logo corrigida. Podemos perceber pelos sinais cansaço, olheiras, olhos avermelhados, bocejos frequentes e irritabilidade.
  3. Alteração do peso: sob estresse elevado, alguns passam a comer descontroladamente e logo ganham peso. Contudo, há outros que perdem o apetite e emagrecem.
  4. Taquicardia e pressão elevada: Sob estresse elevado, alguns passam a comer descontroladamente e logo ganham peso. Contudo, há outros que perdem o apetite e emagrecem.

Zona Vermelha

  1. Angústia profunda: indica desconforto generalizado e indefinido com a sensação de vazio ou de que algo grave vai acontecer. A respiração se torna ofegante e, frequentemente, há falta de ar e sensação de calor.
  2. Sentimento de desesperança: acontece quando alguém sofre de um conjunto de fatores negativos e persistentes, como angústia, insônia, estresse, sensação de cansaço e desesperança.
  3. Perda do sentido da vida: Quando o nível de estresse se agrava e a autoestima cai, tudo pode parecer difícil e sem sentido. Em meio ao desânimo e depressão, a pessoa muitas vezes verbaliza que sua vida não tem mais sentido.
  4. Perda de vontade de viver: Se a depressão atingir um grau máximo, aprofunda a sensação de que não há motivos para viver. É um momento que exige ajuda urgente, pois o sofrimento pode ser insuportável, com alto risco de vida.

Conclusão

Em meio às demandas desafiadoras do ambiente profissional contemporâneo, a compreensão e a prevenção do burnout tornam-se cruciais para a preservação da saúde mental e do bem-estar. Este artigo serviu como um guia de apoio, destacando os sintomas reveladores do burnout e explorando suas raízes multifacetadas. Ao reconhecer a importância de estar alerta aos sinais precoces, os profissionais estão capacitados a utilizar este conhecimento como uma bússola para a autorreflexão.

A identificação das causas geradoras do burnout é o primeiro passo fundamental para uma abordagem proativa. Analisar os fatores de riscos psicossociais no ambiente de trabalho, compreender o impacto das exigências emocionais e reconhecer a importância de manter equilíbrio entre vida profissional e pessoal são aspectos essenciais. A instabilidade emocional e o caráter consciencioso foram discutidos como traços de personalidade que podem contribuir para o fenômeno, destacando a necessidade de uma abordagem individualizada.

A VAETI, comprometida com a saúde mental de todos os profissionais, apoia integralmente iniciativas de combate e tratamento do burnout. Estamos cientes de que a preservação do bem-estar não é apenas uma responsabilidade individual, mas uma missão compartilhada por organizações comprometidas com o cuidado de seus colaboradores. Portanto, esteja atento aos sinais que seu corpo e mente podem estar enviando. Utilize este artigo como uma ferramenta para uma análise cuidadosa de seu ambiente de trabalho e de si mesmo. Ao identificar e compreender as causas subjacentes do burnout, você está dando passos significativos em direção a uma jornada de autodescoberta e preservação do seu bem-estar. Lembre-se, a prevenção começa com a conscientização, e você tem o poder de moldar uma trajetória profissional mais equilibrada e gratificante.